domingo, 8 de junho de 2014

Fafe e o Turismo



Poiares Maduro poderá não colher o apoio de muitos, inclusivamente dentro da própria coligação, mas disse recentemente algo de muito importante e que é o espelho do que tem sido uma parte da realidade em Fafe, mas também por todo o nosso país: "No passado, confundimos frequentemente uma boa utilização dos fundos com gastar os fundos todos. Os fundos serviram mais para alimentar os vícios do Estado e da economia do que para os transformar", ora ai está!  Isto pode causar comichão a quem tenha tido poder de decisão no passado, mas para mal dos nossos pecados, em Fafe, o problema vai mais fundo. Sim, pasme-se, o nosso problema também passa por falta de capacidade em “atirar barro à parede”, vulgo incapacidade crónica de capitalizar recursos, quando este são postos a concurso. Isto pode parecer não fazer sentido face ao suposto desperdício de fundos, comunitários entenda-se, mas para mim, só há uma coisa pior do que não gerir eficientemente recursos … é não ter recursos para gerir! Enquanto outro municípios preocupam-se em delinear estratégias coerentes e potenciar parcerias para serem exploradas e moldadas às possibilidades de financiamento em hora certa, por cá “aposta-se” em navegar à vista, sem arriscar alcançar outros mundos, num qualquer processo de amadurecimento de ideias do qual já padece o atual elenco camarário.
Já se esperava um ano de gestão, sobretudo em termos turísticos, mas a licença sabática de ideias já justificou este mês, no crepúsculo do QREN , a ausência de candidatura no âmbito do Património Cultural ou ainda no âmbito da Promoção e Capacitação Institucional… até quando? Esperemos por um desenlace rápido, sem muito tempo perdido à procura do fio à meada.
Brevemente toda a gestão de financiamentos poderá passar pelas Comunidades Intermunicipais e Fafe terá perdido autonomia, autonomia  face  à centralização, autonomia  face à procura dos tais investimentos inteligentes e de elevada capacidade de alavancagem económica (Porto/Douro/Lisboa/Algarve/Madeira… o resto é paisagem), pois não temos tido capacidade de produzir retorno dos principais investimentos em eventos como as feiras francas, festas da cidade, rallys ou outros eventos desportivos que temos vindo a acolher. Invariavelmente vemos a Câmara contratar, por exemplo, alojamento em Guimarães… ainda tenho esperança ver o futuro Clube Automóvel de Fafe a organizar provas em Concelhos vizinhos. Deixando de lado Bairrismos, não poderia deixar de referir  que classifico de pobre o desempenho da Natufafe nesta matéria, não conseguindo a mesma ultrapassar uma dependência toxica dos financiamentos atribuídos, em grande medida, apenas como repositórios de ideias esgotadas, deixando qualquer turista em maus lençóis se nos procurar. A Naturfafe já deveria ter “chumbado por faltas”: falta de roteiros e apoios aos privados, falta de transparência, falta de legalidade (não poderia existir uma discrepância tão grande de poder entre cooperantes), enfim falta tudo… inclusivamente retorno que permita a sua viabilização.
Para terminar, uma nota sobre o futuro: já se sabe que a fatia de leão nos financiamentos do próximo quadro comunitário, o QEC (não confundir com bolos ou outra espécie), será atribuído às PME´s… ergo, ideia mais ou menos brilhante, fazer parcerias com as mesmas em torno dos seus investimentos, mas alinhando recursos públicos e privados sobre eixos estratégicos do turismo em Fafe. Quanto aos investimentos públicos já não poderão estar centrados no betão ou no alcatrão, pelo que o imaterial ganhará força e a concertação entre municípios ditará, ou não, o crescimento de desigualdades também ao nível do turismo.
25-02-2014

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