sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Legislativas 2019... o copo meio cheio



Copo meio cheio…


No rescaldo do ato eleitoral do passado dia 6, importa agora fazer alguma análise sobre a participação e desfecho das mesmas, digo alguma, por nesta data ainda faltarem atribuir 4 mandatos, mas também e sobretudo por ainda não se conhecer em definitivo os contornos com que o PS, partido vencedor destas eleições legislativas, irá implementar o seu programa de governo. Mais acordo, menos acordo, António Costa terá pela frente um parlamento renovado e alargado onde as opções de composição de maioria estável são as mesmas do passado e passam pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e ainda que apenas no campo das possibilidades, pelo próprio PSD.


Já voltarei à esfera Nacional, no entanto a nível distrital e local no PSD convém destacar-se e assinalar uma votação média superior à média nacional, tendo inclusivamente um desfecho de distribuição de mandatos que permitiu manter os seus 8 parlamentares eleitos por Braga, precisamente o mesmo número alcançado pelo PS, que a nível distrital retiraram, com o Bloco, o segundo deputado ao CDS/PP e o único deputado do PCP/PEV. Se no cingirmos à análise local verificamos que a única candidata eleita é a nossa conterrânea Clara Marques Mendes e que tanto o PS como o PSD tiveram votações percentualmente superiores às respetivas médias nacionais. Se por um lado o PS obtém, como vencedor em Fafe, exatamente o mesmo resultado da coligação PSD/PP de há 4 anos, rigorosamente 42,78%, por outro lado o conjunto dos dois partidos da anterior coligação já só “valem” juntos 33,34%, portanto menos quase 3% que o PS de há 4 anos, no entanto os resultados de eleições nacionais continuarão a merecer uma análise com mais acuidade pela concelhia, já que continuámos a registar um fosso entre resultados legislativos e autárquicos.


Numa versão de análise do copo meio cheio, temos uma vitória nacional sem maioria do PS e um resultado muito acima da projeções iniciais para o PSD, inscreve-se ainda uma relativa estagnação do Bloco, uma descida do PCP, mas ainda um apagão do CDS/PP, claramente a necessitar de uma refundação ou algo que lhe valha. Sendo um pouco mais realista não podemos esconder que o resultado para o PSD é mau, tanto ao nível da sua perda de representatividade, mas também porque persistem fraturas internas que deram origem inclusivamente a novos partidos, com e sem representação parlamentar, sendo já audíveis muitas vozes criticas à direção do Partido que clamam por novas eleições diretas internas. Teremos tempo de serenamente preparar o congresso estatutário no início do próximo ano, sendo certo que muita tinta irá correr até lá.


Ainda uma palavra sobre os pequenos partidos: o PAN veio para ficar mas se continuar a sua adoração ao PS terá provavelmente o mesmo desfecho dos Verdes, O Livre e o Chega terão com certeza muito que conversar na Assembleia e o Iniciativa liberal promete não dar trégua à “Pangeringonça Livre”… estes creio que pelo menos isso irão cumprir. Saudamos a entrada destas forças no Parlamento, pois em democracia o voto é que decide e o povo é soberano.


Quanto à abstenção, sendo um cancro da democracia, e algo que vulgarmente se reclama como sendo necessário estudar e combater, não serei politicamente correto. Não creio que seja necessário estudar mais essa matéria, nem implementar medidas drásticas como multas, prémios ou penalizações, pois por toda a Europa vemos o mesmo fenómeno, mas recordo que programa do PSD até previa deixar de eleger alguns deputados em função do grau de abstenção.


Luís Carvalho,
2019/10/08