Copo meio cheio…
No rescaldo do ato eleitoral do passado dia 6, importa agora
fazer alguma análise sobre a participação e desfecho das mesmas, digo alguma,
por nesta data ainda faltarem atribuir 4 mandatos, mas também e sobretudo por
ainda não se conhecer em definitivo os contornos com que o PS, partido vencedor
destas eleições legislativas, irá implementar o seu programa de governo. Mais
acordo, menos acordo, António Costa terá pela frente um parlamento renovado e
alargado onde as opções de composição de maioria estável são as mesmas do
passado e passam pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e ainda que apenas no campo
das possibilidades, pelo próprio PSD.
Já voltarei à esfera Nacional, no entanto a nível distrital
e local no PSD convém destacar-se e assinalar uma votação média superior à
média nacional, tendo inclusivamente um desfecho de distribuição de mandatos
que permitiu manter os seus 8 parlamentares eleitos por Braga, precisamente o
mesmo número alcançado pelo PS, que a nível distrital retiraram, com o Bloco, o
segundo deputado ao CDS/PP e o único deputado do PCP/PEV. Se no cingirmos à
análise local verificamos que a única candidata eleita é a nossa conterrânea
Clara Marques Mendes e que tanto o PS como o PSD tiveram votações
percentualmente superiores às respetivas médias nacionais. Se por um lado o PS
obtém, como vencedor em Fafe, exatamente o mesmo resultado da coligação PSD/PP
de há 4 anos, rigorosamente 42,78%, por outro lado o conjunto dos dois partidos
da anterior coligação já só “valem” juntos 33,34%, portanto menos quase 3% que
o PS de há 4 anos, no entanto os resultados de eleições nacionais continuarão a
merecer uma análise com mais acuidade pela concelhia, já que continuámos a
registar um fosso entre resultados legislativos e autárquicos.
Numa versão de análise do copo meio cheio, temos uma vitória
nacional sem maioria do PS e um resultado muito acima da projeções iniciais
para o PSD, inscreve-se ainda uma relativa estagnação do Bloco, uma descida do
PCP, mas ainda um apagão do CDS/PP, claramente a necessitar de uma refundação
ou algo que lhe valha. Sendo um pouco mais realista não podemos esconder que o
resultado para o PSD é mau, tanto ao nível da sua perda de representatividade,
mas também porque persistem fraturas internas que deram origem inclusivamente a
novos partidos, com e sem representação parlamentar, sendo já audíveis muitas
vozes criticas à direção do Partido que clamam por novas eleições diretas
internas. Teremos tempo de serenamente preparar o congresso estatutário no
início do próximo ano, sendo certo que muita tinta irá correr até lá.
Ainda uma palavra sobre os pequenos partidos: o PAN veio
para ficar mas se continuar a sua adoração ao PS terá provavelmente o mesmo
desfecho dos Verdes, O Livre e o Chega terão com certeza muito que conversar na
Assembleia e o Iniciativa liberal promete não dar trégua à “Pangeringonça
Livre”… estes creio que pelo menos isso irão cumprir. Saudamos a entrada destas
forças no Parlamento, pois em democracia o voto é que decide e o povo é
soberano.
Quanto à abstenção, sendo um cancro da democracia, e algo
que vulgarmente se reclama como sendo necessário estudar e combater, não serei
politicamente correto. Não creio que seja necessário estudar mais essa matéria,
nem implementar medidas drásticas como multas, prémios ou penalizações, pois
por toda a Europa vemos o mesmo fenómeno, mas recordo que programa do PSD até
previa deixar de eleger alguns deputados em função do grau de abstenção.
Luís Carvalho,
2019/10/08