quinta-feira, 19 de março de 2020

SobreViver



Hoje, evocou-se por cá o dia do Pai. Não foi algo que o atual clima tenha permitido ter a habitual e natural expressão positiva de sentimentos, pelo contrário, despertou em mim um misto de saudade e amargura. Teremos tempo, depois da catadupa de eventos pandémicos e das dramáticas vivências destes tempos, para no futuro próximo refletirmos coletivamente sobre a nossa sociedade e sobre o crescente isolamento da nossa sociedade sénior, isolamento que neste momento assume um assombroso e imprevisto estado decretado.

Já não te posso beijar ou abraçar, mas estarás sempre comigo…

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Legislativas 2019... o copo meio cheio



Copo meio cheio…


No rescaldo do ato eleitoral do passado dia 6, importa agora fazer alguma análise sobre a participação e desfecho das mesmas, digo alguma, por nesta data ainda faltarem atribuir 4 mandatos, mas também e sobretudo por ainda não se conhecer em definitivo os contornos com que o PS, partido vencedor destas eleições legislativas, irá implementar o seu programa de governo. Mais acordo, menos acordo, António Costa terá pela frente um parlamento renovado e alargado onde as opções de composição de maioria estável são as mesmas do passado e passam pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e ainda que apenas no campo das possibilidades, pelo próprio PSD.


Já voltarei à esfera Nacional, no entanto a nível distrital e local no PSD convém destacar-se e assinalar uma votação média superior à média nacional, tendo inclusivamente um desfecho de distribuição de mandatos que permitiu manter os seus 8 parlamentares eleitos por Braga, precisamente o mesmo número alcançado pelo PS, que a nível distrital retiraram, com o Bloco, o segundo deputado ao CDS/PP e o único deputado do PCP/PEV. Se no cingirmos à análise local verificamos que a única candidata eleita é a nossa conterrânea Clara Marques Mendes e que tanto o PS como o PSD tiveram votações percentualmente superiores às respetivas médias nacionais. Se por um lado o PS obtém, como vencedor em Fafe, exatamente o mesmo resultado da coligação PSD/PP de há 4 anos, rigorosamente 42,78%, por outro lado o conjunto dos dois partidos da anterior coligação já só “valem” juntos 33,34%, portanto menos quase 3% que o PS de há 4 anos, no entanto os resultados de eleições nacionais continuarão a merecer uma análise com mais acuidade pela concelhia, já que continuámos a registar um fosso entre resultados legislativos e autárquicos.


Numa versão de análise do copo meio cheio, temos uma vitória nacional sem maioria do PS e um resultado muito acima da projeções iniciais para o PSD, inscreve-se ainda uma relativa estagnação do Bloco, uma descida do PCP, mas ainda um apagão do CDS/PP, claramente a necessitar de uma refundação ou algo que lhe valha. Sendo um pouco mais realista não podemos esconder que o resultado para o PSD é mau, tanto ao nível da sua perda de representatividade, mas também porque persistem fraturas internas que deram origem inclusivamente a novos partidos, com e sem representação parlamentar, sendo já audíveis muitas vozes criticas à direção do Partido que clamam por novas eleições diretas internas. Teremos tempo de serenamente preparar o congresso estatutário no início do próximo ano, sendo certo que muita tinta irá correr até lá.


Ainda uma palavra sobre os pequenos partidos: o PAN veio para ficar mas se continuar a sua adoração ao PS terá provavelmente o mesmo desfecho dos Verdes, O Livre e o Chega terão com certeza muito que conversar na Assembleia e o Iniciativa liberal promete não dar trégua à “Pangeringonça Livre”… estes creio que pelo menos isso irão cumprir. Saudamos a entrada destas forças no Parlamento, pois em democracia o voto é que decide e o povo é soberano.


Quanto à abstenção, sendo um cancro da democracia, e algo que vulgarmente se reclama como sendo necessário estudar e combater, não serei politicamente correto. Não creio que seja necessário estudar mais essa matéria, nem implementar medidas drásticas como multas, prémios ou penalizações, pois por toda a Europa vemos o mesmo fenómeno, mas recordo que programa do PSD até previa deixar de eleger alguns deputados em função do grau de abstenção.


Luís Carvalho,
2019/10/08

domingo, 8 de junho de 2014

Fafe e o Turismo



Poiares Maduro poderá não colher o apoio de muitos, inclusivamente dentro da própria coligação, mas disse recentemente algo de muito importante e que é o espelho do que tem sido uma parte da realidade em Fafe, mas também por todo o nosso país: "No passado, confundimos frequentemente uma boa utilização dos fundos com gastar os fundos todos. Os fundos serviram mais para alimentar os vícios do Estado e da economia do que para os transformar", ora ai está!  Isto pode causar comichão a quem tenha tido poder de decisão no passado, mas para mal dos nossos pecados, em Fafe, o problema vai mais fundo. Sim, pasme-se, o nosso problema também passa por falta de capacidade em “atirar barro à parede”, vulgo incapacidade crónica de capitalizar recursos, quando este são postos a concurso. Isto pode parecer não fazer sentido face ao suposto desperdício de fundos, comunitários entenda-se, mas para mim, só há uma coisa pior do que não gerir eficientemente recursos … é não ter recursos para gerir! Enquanto outro municípios preocupam-se em delinear estratégias coerentes e potenciar parcerias para serem exploradas e moldadas às possibilidades de financiamento em hora certa, por cá “aposta-se” em navegar à vista, sem arriscar alcançar outros mundos, num qualquer processo de amadurecimento de ideias do qual já padece o atual elenco camarário.
Já se esperava um ano de gestão, sobretudo em termos turísticos, mas a licença sabática de ideias já justificou este mês, no crepúsculo do QREN , a ausência de candidatura no âmbito do Património Cultural ou ainda no âmbito da Promoção e Capacitação Institucional… até quando? Esperemos por um desenlace rápido, sem muito tempo perdido à procura do fio à meada.
Brevemente toda a gestão de financiamentos poderá passar pelas Comunidades Intermunicipais e Fafe terá perdido autonomia, autonomia  face  à centralização, autonomia  face à procura dos tais investimentos inteligentes e de elevada capacidade de alavancagem económica (Porto/Douro/Lisboa/Algarve/Madeira… o resto é paisagem), pois não temos tido capacidade de produzir retorno dos principais investimentos em eventos como as feiras francas, festas da cidade, rallys ou outros eventos desportivos que temos vindo a acolher. Invariavelmente vemos a Câmara contratar, por exemplo, alojamento em Guimarães… ainda tenho esperança ver o futuro Clube Automóvel de Fafe a organizar provas em Concelhos vizinhos. Deixando de lado Bairrismos, não poderia deixar de referir  que classifico de pobre o desempenho da Natufafe nesta matéria, não conseguindo a mesma ultrapassar uma dependência toxica dos financiamentos atribuídos, em grande medida, apenas como repositórios de ideias esgotadas, deixando qualquer turista em maus lençóis se nos procurar. A Naturfafe já deveria ter “chumbado por faltas”: falta de roteiros e apoios aos privados, falta de transparência, falta de legalidade (não poderia existir uma discrepância tão grande de poder entre cooperantes), enfim falta tudo… inclusivamente retorno que permita a sua viabilização.
Para terminar, uma nota sobre o futuro: já se sabe que a fatia de leão nos financiamentos do próximo quadro comunitário, o QEC (não confundir com bolos ou outra espécie), será atribuído às PME´s… ergo, ideia mais ou menos brilhante, fazer parcerias com as mesmas em torno dos seus investimentos, mas alinhando recursos públicos e privados sobre eixos estratégicos do turismo em Fafe. Quanto aos investimentos públicos já não poderão estar centrados no betão ou no alcatrão, pelo que o imaterial ganhará força e a concertação entre municípios ditará, ou não, o crescimento de desigualdades também ao nível do turismo.
25-02-2014

quinta-feira, 20 de março de 2014

V JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE



V JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE DE 17 A 21 DE MARÇO
Mais de 80 eventos e acções celebram a literatura e a liberdade.


Nova formula brevemente em avaliação.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Raio de Sol



A vitória da seleção nacional parece trazer consigo o condão de abrir as nuvens e finalmente libertar os bancos de jardim para os seus fins… comentar a vida alheia e namoriscar.
Finalmente temos o sol e os dias cinzentos transfiguraram até os mais carrancudos em joviais adeptos da esplanada e do nada fazer. Posso não esquecer que estamos num protetorado mal preparado contra as legiões troikanas, mas é com satisfação que abraço o fim do status quo  anterior e acolho a imagem da mesa repleta de finos e cascas de tremoços, que aliada ao súbito encolhimento das indumentárias, numa qualquer  força sobrenatural que predeterminam a rarefação dos tecidos nos corpos ou mix de física e química com queda para o delírio do riso fácil e sem razão aparente, nos transporta para um estado de alma que nos aproxima, por alegoria, ao desabrochar das flores.

Diria um portista (por acaso disse mesmo): “até a mudança de treinador abriu o sol… estava a tardar”.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A essência


Entrada da quadra natalícia, final de ano, chumbo do constitucional e alguém pergunta quem foi o responsável por cortar a luz, disse cortar e não apagar como quem distingue entre definitivo e reversível, pois claro.
Sim, apesar do advento que até era propício a levantamento deste tempo de marasmo caricaturado de “crise”, vimo-nos todos confrontados com a forte possibilidade de, até ao verão, se descobrir finalmente o segredo para uma linha esbelta e sem gordura (deixem a imaginação divagar por 3 segundos).
Não, não venho escalpelizar sobre os responsáveis dentro e fora de portas deste nosso outrora oásis à beira mar plantado estar murcho e sem água, mas queria aqui e hoje mostrar a minha preocupação sobre os sentimentos mistos e confusos que milhares de portugueses hoje sentem pela primeira vez… ao enfrentarem um trabalho no estrangeiro e serem pela primeira vez rotulados de “novos emigrantes”. A verdade é que este novo êxodo, que alguns rotularam de diáspora, traz em mim as memórias de tempos idos, histórias na primeira pessoa em estações de comboio envolto em malas e saudades de lugares onde não me era reconhecida pertença.
A todos aqueles que neste momento não podem partilhar com a família e amigos o conforto e calor das suas amizades, quero deixar dois votos, que consigam enfrentar esta ausência de ser com a alma e resiliência do nosso povo e que singram contra marés no alcance da felicidade onde se encontrem.

Foto:
Helder Torres – Essência de Portugal – Canon 450D . 50mm . f/22 . 15″ . ISO 100

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Aindas as Autárquicas...



Por não querer ser extemporâneo deixei esta breve apreciação sobre as autárquicas em Fafe para as vésperas da tomada de posse da Câmara e respetiva Assembleia Municipal… e sim viveram-se com penosidade, incerteza e insatisfação os dias que se seguiram à eleições, em cada esquina, rua, café ou botequim se discutia vivamente argumentos contra e a favor, mas curiosamente todos em defesa da Democracia!

Por certo, nenhuma força partidária terá gostado do desfecho das eleições no dia 29, o PS obviamente por perder uma maioria e ter de ceder tereno aos rivais, os Independentes por não terem obtido a vitória por margem escassa e o PSD por ter almejado capitalizar a desmobilização do PS e ver esse eleitorado desejoso de mudança refugiar-se noutras paragens (o descontentamento esteve sempre patente nos contactos com o eleitorado e isso posso expressar por experiência própria) restando para análise a dimensão do peso das condicionantes nacionais face às locais. Noutro patamar, o CDS viu a sua chama perder-se em ritmo de tragédia grega, já a CDU manteve-se fiel a si mesma.

Ainda três notas, uma positiva pelo alvoroço pós eleitoral ter tido o condão de promover um esclarecimento geral sobre os procedimentos que envolvem o processo, uma segunda negativa pelo cavalgar da abstenção parecer um movimento imparável, mesmo com movimentos “apartidários”, e por fim uma ultima, mas talvez a mais importante, o amanhã traz um mundo novo e a nova correlação de forças determinará se teremos entendimentos aqui e ali ou se existirão estratégias de estabilidade nos diversos órgãos, no entanto, estas eleições abriram feridas fundas que o tempo provavelmente não sanará…